Após muitos anos, muitas reflexões, muitos retornos, mas principalmente após minha disponibilidade para aceitar-me tal como sou, integrei-me ao meu lado Centauro.
Digo que houve uma integração porque não se trata apenas de assumir. Sempre gostei de Astrologia e sempre soube ser Sagitariana, mas durante muito tempo não me reconhecia como sagitariana típica, porque estava habituada com astrologia diária de jornais e revistas.
Quando resolvi conhecer mais sobre Astrologia, conhecer, ascendente, lua, planetas, casas, etc, comecei a entender como ser Sagitariana operava no meu cotidiano, apesar de nunca ter feito um mapa astral com profissional adequado. Ainda não me reconhecia como descendente de Quíron, este Centauro mitológico, metade humano, metade animal que apesar de toda sua sabedoria e possibilidade de transmutação, conserva sua vertente instintiva bem aparente.
Este meu lado animal, instintivo, às vezes aparecia a partir de reações adversas a situações inusitadas ao que fosse contrário ao que penso, gosto, faço e há muito foi reconhecido por mim.
Por um tempo foi um canal desenfreado de birras, força desmedida, agressividade, autoritarismo_ Sim, eu reconheço meus limites_ logo após, foi um silêncio profundo, justo para não magoar, não deixar solto o animal, para me poupar, poupar os demais e daí o isolamento, omissão e, por vezes, deixei de dizer o que era preciso por medo de passar da medida, de magoar quem amo ou amava, coisa que o lado animal sabe muito bem fazer.
As mágoas dirigidas a quem amo são feridas abertas também em mim, para alguns eu pude pedir perdão, para outros o tempo, a distância, os caminhos acabaram determinando outros rumos e as feridas ficaram no tempo sem nunca serem cicatrizadas.
Mas Quíron manteve seu caminho e o caminho da sabedoria, para mim, foi a espiritualidade. Não apenas a religião, a religião faz parte disso, mas falo da espiritualidade que tem em vista o auto conhecimento, o respeito a si e aos outros, as leituras, o compromisso e responsabilidade sobre o bom caminho das relações parentais e fraternais, o reconhecimento de como a minha ação, a minha palavra, o meu comportamento provoca e retorna tudo que faço. Isto ajudou-me a entender e respeitar Quíron, a reconhecer meu lado animal, respeitar minha agressividade, deixa-la agir quando necessário, mas também refreá-la quando for demasiada ou quando eu não souber como dirigí-la.
Hoje eu aceito o Centauro que vive em mim, o reconheço e respeito e justamente por isso resguardo minha cabeça, meu coração e minha língua para que ele não fale por mim ou sem que eu permita. Hoje, eu não compreendo palavras impensadas, não aceito "rompantes", nem tolero agressividade desmedida com nossos pares.
Este foi o meu caminho do Centauro e ensinou que apesar de nossa "essência" é possível transformar, transcender ao que impede a convivência e, por isso hoje faço escolhas sobre o que digo, com quem estou e, principalmente, como quero viver as minhas relações.
Agradeço ao Centauro e sigo, cada vez mais sagitariana.

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