
Desde os tempos antes da Era Comum (AEC, ou o antigo AC), sabemos que os povos comemoram datas a partir das transformações sazonais. O povo, sobrevivendo da cultura agrícola, festejava as mudanças climáticas e atribuía a estas modificações aos deuses e deusas, assim surgem as diversas mitologias existentes sobre a Terra.
A chegada das novas estações, assim como os solstícios e equinócios eram festejados como representações marcantes de atuações dos deuses.
Sendo assim, observamos que algumas datas do Hemisfério Norte, como o Natal, por exemplo, deveriam corresponder a outra época no Hemisfério Sul, ou ninguém nunca estranhou a idéia de comemorarmos o Natal com temas de neve e frio em pleno verão? Nosso Natal deveria ser no final de Junho, no solstício de inverno, mas falaremos disso adiante.
Com a imposição do Cristianismo, algumas datas foram ressignificadas e sua relação com as estações do ano, épocas de plantio, colheita, foram substituídas por marcações religiosas e a história do Cristo.
O Natal era comemorado no solstício de inverno no hemisfério norte, data próxima ao dia 21 de dezembro, quando se festejava a chegada da “criança da promessa”, para a religião Wicca e as antigas tradições pagãs é o inicio da “Roda do Ano”, um festejo chamado YULE. Este é o dia mais curto do ano e a noite mais escura e fria do ano quando a Deusa dá nascimento à Criança do Sol e as esperanças renascem, e Ele trará calor e fertilidade à Terra, o deus recém nascido é o novo ano que se inicia, promessa e luz, e o Sol nascente é saudado em ritual.
A árvore enfeitada, que é símbolo de Yule, nos lembra da Primavera futura, mas em parte representa a nós mesmos, e o ato de decorá-la deve ser imbuído de lembranças, sentimentos e projetos para o futuro. A estrela de Natal, antes era o pentagrama que representa os quatro elementos (Terra, ar, fogo e água e o espírito divino, símbolo da bruxaria).
As luzes e os enfeites, como Sol, Lua e estrelas que faziam parte da decoração das árvores, representavam os espíritos que eram lembrados no final de cada ano. Presentes era colocados aos pés da árvore para as Divindades e isso resultou na moderna troca de presentes da atual festa natalina. A própria árvores verdes eram trazidas para dentro dos lares, para que os espíritos das florestas tivessem um lugar tranquilo para repousar nas casas nos dias de inverno.
Este costume persiste até hoje ressignificado para o Cristianismo, mas também permanece vivo nas tradições Wicca.
Curiosidades:
No solstício de inverno, Yule/Natal, comemora-se o nascimento de Hórus no Egito, após diversas provações de sua mãe Ísis e seu pai Osíris. Hórus é a promessa de justiça ao pai que fora esquartejado pelo sombrio deus Set.
Essa relação divina entre Hórus e Ìsis foi bastante retratada por Leonardo da Vinci : A imagem emblemática que conhecemos de Maria amamentando o menino Jesus ou de Maria acolhendo o Filho morto, na Pietá de Da Vinci, estátuas de Ísis segurando Hórus foram re-denominadas como Maria carregando Jesus. Muitos templos de Ísis foram dedicados à Maria com a cristianização e extermínio dos cultos pagãos, muito títulos de Ísis também foram atribuídos à Maria. Ísis era conhecida como a Grande Virgem. A lua crescente e as estrelas são ícones que acompanham as duas divindades.

Madonna Lita – Leonardo da Vinci 1490 - Ísis amamentando Hórus transformou-se em Maria amamentando Jesus.
Para nossa realidade do hemisfério sul, a comemoração da atual época do ano deveria ser outra, pois nós acabamos viver o solstício de verão, relacionado o dia mais longo do ano e um ritual chamado Litha, esse dia sagrado simboliza o poder do sol, é o dia em que o poder da luz se encontra acima da escuridão, garantindo poder e proteção. Na Europa, as celebrações desta data foram absorvidas pela festa cristã de São João, cujo nome originou-se da erva usada com fins curativos e mágicos, é comemorado no final de junho, época em que temos por aqui as festas Juninas, que falam sobre o poder do fogo e das fogueiras, muito peculiar não? Mas esse é assunto pra outro artigo. Espero que tenham gostado.
Inspirada por meu irmão Marcos Serra, resolvi escrever este pequeno artigo. A pesquisa foi feita na web e em conversas adicionais com amig@s e praticantes da religião wicca, portanto caso queiram reproduzir o texto, por favor, citem o crédito.
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