Literalmente a treva...
Dia: 10/11/2009
Escuridão total, eu estava no metrô, ficamos uns 20 minutos parados antes de abrirem a porta do último vagão, por onde devíamos sair em fila indiana até o guichê onde nos devolveriam o valor da passagem, sorte que a luz acabou quando estávamos saindo da estação Cardeal Arco Verde em Copacabana, pior seria se estivéssemos em algum dos túneis.
A linda Copacabana dos turistas era puro breu... Ficou feia, amedrontadora, desconhecida... Aquela que vi ontem, jamais poderia ser a "princesinha do mar" como diz a canção.
As pessoas tendo que dar as mãos em correntes humanas para atravessar as ruas, numa tentativa de serem vistas em grupos pelos motoristas de carro, a cidade às escuras. Não dava pra ver onde colocávamos os pés, só dava pra ter certeza de que nossos membros estavam no corpo, só isso.
Eu comprovei na prática o que é "não enxergar nenhum palmo adiante do meu nariz". Era tanta coisa pra pensar ao nos locomovermos que nem dava tempo pra pensar em assalto, a cidade era um território obscuro, ruas tão conhecidas e as pessoas todas diante de um mundo desconhecido, tendo q fazer uso de habilidades que geralmente não damos tanto valor, a audição, toque, percepção espacial, a solidariedade com o outro ser humano que nem conhecíamos e a paciência com algumas senhoras voltando pra casa, assim como eu, com seus guarda-chuvas se batendo e sem saber pra onde ir....
Gente, eu não estou exagerando, eu nem posso dizer q senti medo, estava absorvida pela experiência totalmente desconhecida, pois eu nunca vi a cidade assim, em nenhuma falta de luz anterior, só havia luz em prédios onde havia geradores e eram pouquíssimos, eu e outras pessoas tentavam usar as lanternas dos celulares pra ver alguma coisa adiante, parecia coisa de filme, só quem viveu sabe...
Quando finalmente peguei um ônibus pensei... Se eu tivesse seguido a minha intuição... e logo, depois, será que os hospitais têm geradores suficientes?
Questionamentos...
Qual a causa de tudo isso? Sabemos que o desequilíbrio da natureza, o gasto excessivo de água intereferem nessas quedas de luz, apagões ou black outs, como queiram chamar. A questão é: estamos peparados para esse tipo de consequência do nosso próprio exagero?
Ontem por algumas horas senti na pele o caos, nessas horas nos damos conta de muitas coisas que parecem apenas questionamentos loucos, mas como seria uma vida sem luz?
Não conseguiríamos sobreviver...
Tivemos arrastões, acidentes, pessoas passando mal, exagerada como sou, pensei em barbárie, mas será que é mesmo exagero pensar assim?
O que é estar na rua, ouvir pessoas, carros e suas luzes passageiras iluminando alguma coisa, e só ter certeza de que vc tem um corpo?
Vc só vê e só sente, seu corpo, suas roupas, a bolsa q está carregando e mais nada, nenhum palmo adiante do nariz, eu nunca pensei q isso pudesse acontecer nos dias de hoje, mas chovia e não podíamos nem contar com a Lua...
Apesar de todo esse relato, posso dizer que não tive medo, mas me fez refletir muito, sobre inúmeras coisas, creio q cada um teve uma experiência diferente e uma das questões q fica para mim é...
Temos condições de viver uma vida sem luz? (No amplo sentido da palavra luz, aquela que ilumina o caminho, a vida e as coisas materiais tb)
Apenas compartilhando, apenas compartilhando...
Nany Vieira
Ewacy
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