Algumas palavras ouvidas ao longe, alguém tocou meus pés. Um
chamado ou um carinho?
Hora de acordar!
O sol ainda não levantou, mas é sua hora iyawo.
Não diga nada, acabou de conversar com seus ancestrais
durante o sono, tempo sagrado.
É preciso voltar ao mundo dos vivos, através dela, aquela
que refresca, que purifica, que serena: Água, minha mãe, venha a mim!
Sabão da costa, banho de abô, saia, calçolão, camisu...
Pano da costa cobre meu ventre, ojá, guarda a minha cabeça.
Agora sim: eu te reverencio com minha cabeça ao chão. Água,
fogo, terra, ar, árvore, ancestral.
Eu saúdo aos que vieram antes de mim! Elas e eles me deram
vida nessa jornada.
Me fizeram parte, me fizeram toda, acordaram a divina essência
que dormia dentro de mim.
O sol também acorda, alimento o corpo e a alma.
Panelas, vassouras, flores, rezas, cânticos, arrepios,
danças, emoção, risos, lágrimas, pratos, copos, cortinas, limpeza, comida,
gente, mais gente.
Baiana engomada, saias e mais saias, devoção, respeito,
comunhão e fé!
Alimento da alma, equilíbrio da vida e vamos dormir, que
amanhã é outro dia.
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