Lua Mãe: Renascida

E assim é ciclo lunar

Vida, morte e ressurreição.

A vida Cresce e florescem os projetos

As oportunidades, as ideias vão se formando e então...

Ela é Cheia, plena, esplêndida, realizada,

Sólida, estabelecida, Rainha.

E rege, os ciclos, as vidas, as marés, as mulheres, suas sacerdotisas.

Linda... cheia!

Ela nos ensina Minguando.

Porque tudo que nasce, um dia morre e dá lugar a outros sonhos, outras pessoas, outras possibilidades...

Nos ensina também na dor, quando tudo termina e conhecemos a escassez.

E há sombras, obscuridade, há o oculto,

A visão turva, o segredo, o íntimo, o mistério que revela e Renasce.

ReNova, transcende, transmuta, cura e abre mais um ciclo.

Um vai-e-vem eterno, em que a única constância é a inconstância.

Ela é aquela que significa um instante,

O incompreensível agora.

Justo aquele momento que pensamos conseguir abarcá-lo

e ele já se foi.

Ela é bruma, névoa, a Lua.

É Ela que me faz ser uma Renascida.

Renascida do Ventre das Águas.

Residente do Palácio de Palhas,

Esposa das matas, Senhora da Caça,

Senhora de uma riqueza em Búzios, contas, mistérios e emoções.

Um aprendizado do corpo marcado

De um tempo contado na pele que escama e sinaliza.

Das respostas trazidas pelo vento,

Pela Boca das conchas

Respostas de questões não lançadas, a não ser a mim mesma.

São essas as palavras de uma Mãe que Nunca Dorme

Palavras sentidas por dentro

Colo certo para o que é preciso.

Sem quereres, nem paixões, apenas lições de vida.

A estrada da Lua é sinuosa,

Nada é certo para uma renascida das Palhas,

Mas há prazer em ser quem somos e ter o que temos;

São limites que nos comprometem com a vida e nos abrem caminhos.

Eu nasci Filha da Lua, como todas as mulheres e homens da minha família.

A ela fui apresentada pela Mãe da minha Mãe.

A avó poderia não saber, mas sou filha de Ewá,

A lua é meu caminho, minha estrada, minha Mãe, minha Vida.

A Ela saúdo e ofereço minhas águas de gratidão e alegria.