Estou lendo um livro de Augusto Cury, "12 semanas para mudar uma vida", a proposta do livro, entre outras coisas é transformar a qualidade de vida do leitor apartir de algumas atitudes onde a pessoa se apropria de sua vida, aprende a conviver com os limites e as possibilidades da vida entre outras coisas. Para isto, o leitor é convidado a apreender esses conceitos na prática , através de atitudes que vamos experimentando a cada semana. A primeira semana foi bem tranquila pois se espelhava com atitudes que eu já vinha trazendo para a vida.
Essa é minha segunda semana, semana de contemplar o belo. Achei que seria tranquila como a anterior, pois sempre fui uma pessoa afeita às Artes, adoro música, ler, escrever, dançar, adoro cinema, teatro... Observadora nata, adoro a Natureza, sou uma contempladora dos astros durante o dia ou à noite, enfim, a sou sensível à Beleza.
Porém, a proposta é contemplar o belo em todas as coisas que fazemos, todos os dias, em tudo.
Nossa! Nunca pensei que fôsse tão difícil.
Como contemplar o belo na arides do asfalto, na secura dos prédios feios e no ar enfumaçado da rotina diária? Como enxergar beleza na criança doente da esquina, no idoso maltrapilho pedindo aquilo que somos incapazes de doar? Como contemplar o cotidiano que nos invade com suas contradições e injustiças?
No primeiro dia procurei e não encontrei... No segundo dia questionei. No terceiro comecei a olhar... No meio da chuva, vi um olho que não estava sedento e ouvi seu cumprimento: "Bom dia, minha filha!", a chuva começou a me parecer diferente.
Hoje, cochilando na volta pra casa, sinto meu companheiro de viagem, igualmente sonolento, jogar o peso em meu braço. era um menino, talvez de uns nove anos, ajeitei sua cabeça, fiquei com medo dele ter uma torcicolo tal era o peso do cansaço da criança, que pendia o pescoço de forma desajeitada. A mãe envergonhada, disse q ele estava cansado, passou o dia inteiro correndo atrás de doces, estava com a bolsa cheia. Realmente, reparei que ele, mesmo dormindo, não largava a bolsa. Isso me trouxe tantas lembranças, das correrias de infância, a alegria que esse dia sempre me deu, passei o resto da viagem cuidando do pequenino.
Mais a frente na segunda condução da noite, ouço um cantarolar, parecia um lamento, fico atenta e ouço algumas letras bonitas, em uma voz cansada de um homem idoso, que cantava tão timidamente, tão lindamente canções que me tocaram fundo. ele cantarolava com a alma, cantava para dizer algo que ninguém podia ouvir, assim como já fiz muitas vezes, como faço sempre.
Percebi então que contemplar está além do que olhamos do lado de fora, contemplar o belo é olhar pra dentro, é permitir que o outro se aproxime, permite que a vida te toque, é doar a beleza que há dentro de si mesmo. Compreendi que só podemos ver fora, se houver beleza dentro de nós. É fácil dizer isso, sentir, é uma experiência incrível!
Contemplar é uma experiência ativa, em que parte do que vemos sai do fundo de nós e se ressignifica a partir desse olhar.
27/09/2012
27/09/2012
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