Eu não me considero fã número 1 de nenhum cantor ou cantora em especial.
Digo isto pq não sou de assistir a todos os shows, nem saber cada
detalhe da vida de determinada/ o artista, me apaixono pela obra. Mas há
alguns que têm um lugar certo no meu coração.
Chico Buarque,
Caetano, Djavan e Gilberto Gil são especiais pra mim, só falando das
vozes masculinas. Chico e Caetano então... amo muito.
Eu
já fui "vizinha" (hahahahaha) do Chico Buarque. Na verdade eu morava no
Minhocão e ele no Alto Leblon. Meus amigos de apartamento sempre o viam
pelas ruas e eu nunca, era uma frustração.
Eu tinha a fantasia de passar perto dele e cantarolar:
"Os letreiros a te colorir,
Embaralham a minha visão
Eu te vi suspirar de aflição
E sair da sessão, frouxa de rir"
Loucura, eu sei, mas este é o trecho de uma das músicas que mais gosto dele, "Vitrines".
Até que um dia eu vi o Chico, eu já não morava mais no Minhocão, mas na
Marquês de São Vicente que é pertinho tb. Eu o vi na calçada oposta,
ainda longe. Atravessei, claro!
E ele veio apressado, boné e
olhos intensos. Ele vinha, vinha e eu fiquei capturada nas vitrines
daquele olhar. Esqueci da música, esqueci da letra, esqueci do momento.
E Chico passou.
Mas por quê falar disso agora? Porque lembrei que música me salva, que
elas embalam minha vida. Lembrei tb que naquele dia me dei conta do
motivo pelo qual eu amava aquela letra. Porque ela falava de olhar. De
um olhar endereçado, mas no caso da música, não retribuído. E do quanto
era e é preciso refletir sobre esses endereçamentos e as expectativas
que criamos em relação aos olhares dos outros.
Eu não
cantarolei para o Chico, mas experimentei exatamente o que Vitrines
propunha, fui capturada por aqueles olhos e pude repensar meus
endereçamentos e projeções.
Óbvio que certamente eu não faria
isso, não ia cantar coisa nenhuma. Era uma fantasia que, incrivelmente,
se transformou em experiência.
07/06/2016
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