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domingo, 17 de dezembro de 2017

Saudade: uma estrada

Tenho saudades de coisas que nunca foram. Também tenho saudade daquela que fui há tempos atrás, esse tempo pode ter sido ontem, há cinco anos ou da menina de tranças e muitos sonhos que fui um dia. 

Conservo todas elas aqui, mas nunca escondi que sou feita de ciclos, “Mulher Mutante”, Serpente em constante mutação. E sendo essa espiral ascendente, às vezes sempre, outras vezes pouco, sinto falta de mim, de pessoas, de cores, amores, poesias, de esperanças que já não tenho, eu sinto saudade.

Não é que eu me arrependa de quem sou, nem que eu queira voltar ao passado. Não! O passado é um lugar que não me pertence, sou mulher do agora e prezo o que construo nessas trilhas. Mas há uma beleza no colorido que o hoje dá ao ontem que é difícil descrever.

Hoje eu sou outra, mais sábia, mais livre, mais eu e olhar pra ontem me faz perceber a ternura de alguns momentos, de alguns encontros, me faz querer abraçar aquela moça e dizer: “aproveita, isso também vai passar.”  porque sei que a mulher que sou hoje não viveria quase nada do que vivi ontem.

São outras experiências, outras construções e desconstruções.

Pois é, tem dias que acordo assim, são dias em que estou saindo de mais uma casca, sem saber muito o que há por vir, dias em que estou com medo, com esperança, comigo.

Mas voltar pra casca, voltar o tempo, voltar não é opção. A única estrada é para frente, ao lado de quem a gente ama e de quem nos ama. Em frente e junto.

Eu amo aquela música do Renato Teixeira, Tocando em frente, gosto na voz do Almir Sater, tem uma sabedoria simples e bonita nela quando ela diz “estrada, eu sou”.

Ser estrada não é simples, não é viver de passagens, é agregar cada passo à sua trajetória, aprender com cada um deles ainda que não vá repetir nenhum deles, porque a vida, assim como o tempo, não pára, assim disse outro poeta.

Por isso que tudo passa e o que nos significa são as saudades que temos. Saudade é memória doce, amarga, afetiva, seletiva, saudade é história, saudade é o que conta os passos que caminhei nessa estrada sendo sou eu mesma.

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